A representatividade de ‘Sete Homens e Um Destino’ de Antoine Fuqua

Ao longo deste ano um dos assuntos mais discutidos foi representatividade. É evidente que isso falta em Hollywood. Papeis importantes quase sempre ficam com os brancos. São poucas as vezes em que negros, latinos e asiáticos pegam bons papeis. Quando isso acontece são para interpretar personagens específicos ou estereotipados. Negros interpretam gângsters e escravos, asiáticos interpretam traficantes, mafiosos ou lutadores de artes marciais e os latinos ficam sendo os traficantes mesmo. Há exceções, claro, mas muito poucas. Uma excelente exceção é o remake de ‘Sete Homens e Um Destino’.

Quando vi o trailer achei estranho ver o Denzel Washington interpretando Sam Chisolm, o líder do grupo. Na época onde ocorre o filme ainda havia escravos, logo seria difícil imaginar um negro liderando brancos. O longa nos surpreende ainda mais por em nenhum momento fazer referências ao tom de pele do personagem. Ele não sofre ofensas racistas e sequer é mencionado que é negro. Acabou se tornando um fato irrelevante na história, mas de vital importância para o cinema.

the_magnificent_seven_4k-wide-2 Sete Homens e Um Destino (2016)

Colocar um negro em um papel de destaque não foi o único mérito do filme. Eles ainda incluíram um chinês, uma mulher, um latino, um gordo e um índio. Sabe o que é ainda melhor? Nenhum deles estava estereotipado. Foram personagens importantes para a história e se destacaram muito. Um destaque especial para Haley Bennet que interpretou Emma Cullen, uma mulher corajosa, destemida e com uma pontaria melhor que a de muitos homens lá.
Tendo em vista que a trama era sobre anti-heróis pistoleiros, era de se imaginar que todos os personagens seriam típicos homens americanos, assim como o filme de 1960. Incluir aqueles atores foi sensacional. Isso prova que o único motivo de não haver mais diversidade na indústria cinematográfica é por pura falta de interesse dos produtores, e não da Academia, como defendiam alguns patetas. Não foi necessário adaptar a história para incluí-los, exceto pelo Billy, o chinês. Seria necessária uma explicação para o público entender o que um chinês fazia no velho oeste. A explicação foi simples e objetiva. Outro acerto.

sete-homens-e-um-destino-1960-2 Sete Homens e Um Destino (1960)

Antes que eu me esqueça, quem dirigiu este remake foi Antoine Fuqua que é negro e já havia trabalhado com o Denzel Washington em outras oportunidades. Além do mais, quem assistiu ao longa de 1960 pode estranhar as mudanças, mas vale lembrar que esta produção foi baseada em ‘Os Sete Samurais’, do japonês Akira Kurosawa.
Por fim, é importante parabenizar diretores e produtores que não se limitam a usar determinados atores apenas para papéis estereotipados. Não há dúvidas de que há milhões de jovens talentosos esperando sua chance para fazer bonito. Se queremos filme melhores, devemos revolucionar a forma de fazer cinema. O primeiro passo é esse, fazendo valer o talento de quem tem para mostrar. Independente de sua cor, nacionalidade ou sexualidade.

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