A vida dos que não são vistos: os desabrigados e o cinema

No início deste ano os brasileiros enfrentaram um verão com temperaturas altíssimas. Todos cobiçavam a chegada do frio. Foi então que ele finalmente chegou! Chegou a nevar em algumas cidades. Em outras cidades as baixas temperaturas bateram recordes. E então todos ficaram felizes dentro de suas casas, quentinhas e aconchegantes. O problema é que nem todos tem uma casa…

O frio deste ano está intenso. Cinco moradores de rua já morreram de hipotermia por conta do frio. Como se não bastasse, segundo a imprensa, Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, permitiu que a Guarda Municipal retirasse os cobertores dos moradores de rua. Seu argumento foi de que quer impedir uma ‘refavelização’.

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Infelizmente os moradores de rua acabam se tornando fantasmas. Almas que vagueiam os centros das cidades e se misturam a paisagem. É claro que o cinema não deixaria de retratar essa triste realidade para nós.

‘O Encontro’ é um filme escrito e dirigido por Oren Moverman e protagonizado por Richard Gere. A forma como este longa retrata a vida nas ruas é maravilhosa. A câmera foca no protagonista, mas com um plano aberto e o deixando bem longe. A edição de som mostra conversas de terceiros, som de carros etc., o que mostra a irrelevância do protagonista no contexto social.

Outro filme que também retrata a realidade nas ruas é ‘Viver Sem Endereço’. O longa é dirigido por Pual Bettany e protagonizado por Jennifer Connelly. Ele é mais sensível e consegue comover o espectador.

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Entretanto, nem só de filmes vive o cinema. Existem muitos documentários muito bons sobre os moradores de rua. Um deles é ‘Eu Existo’, produzido pelo Centro Acadêmico XI de Agosto sobre a questão dos direitos humanos no centro de São Paulo. Ele mostra as histórias dos moradores de rua de São Paulo e revela toda a barbaridade que estas pessoas já sofreram. Muitas que inclusive fere os direitos humanos.

É gratificante ver as pessoas se prontificando a doar cobertores a essas pessoas e também a alimentá-los. Contudo isso não os tirará dessa condição. Não é o suficiente para tirá-los desta vida que os obrigam a viver como sombras; como errantes inúteis a sociedade. Novamente o cinema nos dá uma ‘agulhada’ e nos faz ver a realidade de quem não tem voz, ou que nem mesmo consegue ser visto.

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