ANA. SEM TÍTULO | SER MULHER É UM ATO POLÍTICO

Os anos 60 foram um divisor de águas pela a luta dos direitos civis de mulheres e negros no mundo a fora. Na América Latina a arte foi uma forma de manifestação dessa luta por mais direitos em meio ao avanço de regimes ditatoriais em praticamente todos os países que censuraram e perseguiram artistas e ativistas, na tentativa de calar essa luta.

A cineasta Lúcia Murat e outras contemporâneas dela são exemplos para mulheres como Stella, uma atriz em busca da sua identidade e ancestralidade que através de cartas de mulheres e artistas que viveram o medo da repressão e perseguição política.

O documentário ficcional e experimental “Ana. Sem título” é uma homenagem e uma viagem cultural histórica em busca da artista Ana, que desapareceu depois de percorrer vários países da América Latina com a sua arte e sua luta.

O longa parte da sororidade para visitar a história de perseguição, tortura e mortes de mulheres no Brasil, no México, na Argentina e no Chile, através de personagens reais a história de Ana ganha força e vida na memória de outras mulheres.

Um dos acertos do filme é sua capacidade de revisitar lugares históricos como o estádio nacional do Chile onde ocorriam os massacres de presos políticos durante o regime do General Ernesto Pinochet, a praça das três culturas no distrito de Tlatelolco no México e as mães da plaza de mayo na Argentina que até hoje lutam pelo reconhecimento da morte de seus filhos que desapareceram durante a ditadura no país.

É um filme de mulheres para mulheres com uma poética e mensagem muito fortes e importantes num momento em que a luta por igualdade e direitos segue viva e que a perseguição à expressão artística ganha força com o avanço de movimentos políticos extrema direita em governos sul americanos.

O cinema como arte tem a missão de posicionar sua mensagem e manter Ana viva através de novas gerações de mulheres e de lutas por liberdade e igualdade em uma sociedade ainda fortemente machista.

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