Na “Ilha dos Cachorros” você encontra a exploração de um conto raso

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Quase dez anos após adaptar o hilário e genial “O Fantástico Sr. Raposo”, o diretor Wes Anderson volta a dirigir e escrever mais um stop-motion: “Ilha dos Cachorros” que estreia agora em julho no circuito nacional. O filme, que teve presença marcada no Festival de Berlin este ano, trata de temas nada convencionais em animações e, acredite, isso é um ótimo motivo para vê-lo.

Lançado aqui no Brasil no mesmo período em que “Os Incríveis 2” é, atualmente, a animação mais rentável do ano até agora, “Ilha dos Cachorros” (apesar de sua classificação) merece ter seu lugar ao sol. Não só por se tratar de uma obra de Wes Anderson, mas por tudo o que ele representa em termo de estética, de como se usar o humor e saber envolver — e prender — o público com um enredo engenhoso. O novo trabalho de Wes é adequadamente perfeito para aqueles que buscam além de diversão, um filme artisticamente bem feito.

Como sempre em todos os seus filmes, possuem perfeitas simetrias, uma invejável direção de arte, cores fortes e o humor inteligentemente crítico. Desta vez Wes assemelha seu filme a “Revolução dos Bichos” de George Orwell (autor também de “1984”). Quem leu os livros de Orwell ou já assistiu alguma adaptação de uma de suas obras, sabe que suas histórias abordam temas como autoritarismo, estagnação, conflitos, corrupção, acusação e egoísmo, de como a ganância em controlar tudo traz consequências irreversíveis. É o tipo de filme que crianças menores não entenderiam o teor em volta de sua fábula política.

Se por um lado Wes faz sérias críticas com alta competência, por outro, usa e abusa do humor negro pegando o espectador de surpresa em diversas cenas. Sim, as risadas são fortuitas, não tem como evitar. Entre os personagens, há um peculiar: o MajorDomo, que de tão velho, tem aparência de um morto-vivo (não se sabe ao certo Anderson quis fazer piada com a longevidade dos japoneses, e se não foi, ficou muito evidente — e engraçado).

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Em um futuro próximo, os cães da fictícia e autoritária cidade de Megasaki , o melhor amigo do homem se torna seu pior inimigo, após um suspeito surto de gripe canina ameaçar os moradores daquela localidade. O ‘’democrático’’ prefeito decide então exilar todos os cachorros, incluindo o bicho de estimação de Atari, seu sobrinho. O impiedoso prefeito, ao invés de sacrificá-los, os manda para uma ilha dominada por lixo. Atari decide a todo custo resgatar seu animal, que é um dos primeiros a ser expulso.

Quando Atari pisa naquele solo, não demora muito para que ele perceba que os cães vivem em condições deploráveis e expostos todo tipo de riscos. Então ele conhece uma matilha liderada por Chief (apesar de confessar que gosta de morder, não se considera um cão agressivo), que está sempre indo contra os seus companheiros. Sua equipe ‘’subordinada’’ é composta por Rex, o fuxiqueiro Duke, o mascote de time esportivo Boss e King. Enquanto isso, em Megasaki, um cientista e sua colega criam um antídoto para curar a gripe canina. Não bastasse isso, Tracy, uma aluna de intercâmbio passa a investigar o exílio dos cachorros, reunindo algumas pessoas para um protesto contra a decisão da expulsão dos cães.

Ilha dos Cachorros é um filme colossalmente interessante, não por apenas se tratar de filme bem arquitetado, nem por não abdicar do humor inteligente. Ele não desdenha da capacidade de o público raciocinar, mas deixa claro que conflitos familiares estão por vir e no novo trabalho de Wes, também existe esta contenda, e mostra mais uma vez que o elenco infantil consegue ir além de sua maturidade, enquanto os adultos são vistos como pessoas parvas. Contudo, os personagens são bem simpáticos, liderado por um  cast  de dublagem nada modesto: Bryan Cranston, Edward Norton, Liev Schreiber, Greta Gerwig (sim, ela mesma: a diretora indicada ao Oscar por “Lady Bird”), Bill Murray, Bob Balaban, Jeff Goldblum, Scarlett Johansson, Tilda Swinton, Frances  McDormand, F. Murray Abraham e Harvey Keitel e de quebra, Yoko Ono (isso mesmo, a viúva de John Lennon), dublando uma cientista de mesmo nome que ela.

Impressionante como as analogias do retrato do autoritarismo já vieram fundidas num roteiro onde a sua sinopse nos parece ser mais uma estória boba sobre um garotinho que vai resgatar seu cachorrinho. O filme entrega muito mais que isso, uma vez que se trata de um trabalho brilhante de um diretor visionário. Você quer ver uma animação com uma boa história? Quer um filme lindo, bem feito, daquele que enche os olhos? Quer um filme reflexivo? Ou quem sabe um filme cult? Talvez um filme que gere discussão, né? Bom, se você procura algum destes itens, eis aí um filme para agradar a gregos e troianos.

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