Mogli

A Disney Studios mais uma vez se fortalece com uma repaginada na assinatura de seus filmes. A aguardada produção dirigida por Jon Favreau (‘Homem de Ferro’) tem conforto, beleza e ousadia também. A clássica fábula do escritor e poeta britânico Rudyard Kipling já filmada em animação em 1964, na sua versão aqui para “live action” e recursos de CGI modernos, mantêm o espírito dos escritores do século XIX.

Apesar de controverso por suas ideias imperialistas e criação burguesa na Índia, esta história tem uma profunda raiz sobre a formação moral do ser humano. Isto, a produção ‘Mogli – O Menino Lobo’ (The Jungle Book), com estreia para este dia 14, conduz com maestria. O que nos difere dos outros seres da natureza?

Mogli 1

Apesar de nossa fragilidade biológica, podemos criar e adaptar o mundo a nossa vontade. Mas, isto não nos dá o direito de dominar e por conseguinte destruir o que partilhamos dele. Esta é a mensagem para o público adulto, mas para a garotada ainda existe a procura de Mogli por sua identidade, pois apesar do código dos lobos ser sua base cultural, sua natureza é individualista e questionadora.

Claro que tudo isto é mostrado de forma leve e espertamente despretensiosa, com quase o mesmíssimo roteiro de 64 e com duas canções do original, e sim, ‘The Bare Necessites’ é uma delas, cantada aqui pelo urso Balu (Bill Murray) e o super carismático Neel Sethi, a escolha acertadíssima do diretor para encarnar o jovem indiano.

THE JUNGLE BOOK

Para quem não conhece o clássico, Mogli é criado por uma matilha de lobos, até Shere Kahn (Idris Elba), um tigre que amedronta a floresta o considerar perigoso ao equilíbrio dela por sua tendência à dominar, como todo bom homem.

Para quem é avesso ao 3D, fica a recomendação para ver assim mesmo, pois as panorâmicas das quedas d’água, cenas de chuva e saltos entre árvores, ou o estouro de búfalos são uma atração à parte pelo nível de realismo.

Mogli 5

O elenco estelar garante ótima presença aos personagens, como o Rei Louie (Christopher Walken) emulando uma espécie de coronel Curtis dos primatas, e também é uma parte importante para mostrar a visão hierárquica vivida entre lobos, macacos e homens, pois a ‘Flor Vermelha’ (fogo), que Louie quer – representa o poder, enquanto na matilha o poder está no conjunto, no propósito da vida em coletivo.

Parece bobagem mastigar assim uma coisa perceptível e óbvia, mas poucos filmes infantis hoje são realmente formadores de caráter como este. Um alívio para os pais.

THE JUNGLE BOOK




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