“O Banquete” pode ser delicioso para alguns, e amargo para outros

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A lamentável morte do jornalista Otávio Farias Filho, no dia 21 do mês passado, fez com que “O Banquete”, que estreia esta semana, ficasse de fora da competição do Festival de Gramado. O motivo seria em respeito à memória de Otávio, já que uma cena do filme inclui o envio de uma carta aberta assinada por ele e dirigida ao ex-presidente Fernando Collor de Mello,, em 1990. A diretora do filme Daniela Thomas se pronunciou publicamente e declarou ‘’ O momento é inoportuno para o encontro de ficção e realidade e as possíveis interpretações equivocadas que a ficção pode suscitar. Por isso retiro o filme do festival’’.

“Vazante”, obra anterior de Daniela Thomas foi bem recebida ano passado, e o feito poderia ter se repetido esse ano. Porém, “O Banquete” não conquistou a simpatia da imprensa e não se sabe se conquistará o público. A trama acontece em 1989 e neste intervalo até os dias atuais não percebemos quase nenhuma mudança com a nossa realidade. Na beirada dos trinta anos que se passaram, percebe-se nitidamente a estagnação temporal na maneira que os personagens interagem em uma cena comemorativa.

O politicamente correto passa longe (ainda bem?) e o que reina mesmo é a petulância dos personagens que, apesar de atraentes, vão perdendo o interesse durante os minutos seguintes e a ruína fica no foco principal: a discrepância entre eles. O bom elenco se torna empático num roteiro desinteressante dificultando tanto o envolvimento quanto o desenrolar, já que o título e primeira sequência prometem um filme que assola o espectador. Infelizmente fica apenas na promessa mesmo.

Não há necessidade de saber muito sobre o tema, já que o longa é baseado em um único ambiente, onde uma jornalista descobre alguns segredinhos do atual presidente, num Brasil pós-ditadura militar. A história ainda inclui que dentre os convidados deste banquete, composto por jornalistas, editores e artistas, um editor de revista está prestes a ser preso por ter escrito uma carta aberta contendo diversas denúncias sobre a maior autoridade do país e que daí seguem revelações, contendas, falsidades e calúnias regadas a bebidas e cigarros.

O filme começa até interessante, com uma planta carnívora se alimentando de uma mosca em cima de uma mesa. Daí cabe a você interpretar esta metáfora explicitamente reproduzida e (infelizmente) ao mesmo tempo cinicamente subvertida.

“O Banquete” não te convida para debater e sim, presenciar a podridão aristocrata envolvendo poderosos de um jeito inferior ao invés de ser sórdido. Já vimos algo semelhante e superior em “Festim Diabólico”, “O Discreto Charme da Burguesia” ou até mesmo em “O Cozinheiro, o Ladrão, Sua Mulher e o Amante” e infelizmente o novo filme de Daniela Thomas não é merecedor de ser comparado a eles que se limita apenas no capricho de sua fotografia e sua edição (que não tem nada a ver com o fato da obra em si ser um descalabro total). Mesmo com um excelente elenco, “O Banquete” consegue diminuir a frustração do espectador por não conseguir se quer desenvolver alguma tensão. 

“O Banquete” tenta ser ofensivo e impactante – é nítido -, contudo o filme consegue ser apenas fatigante, oferecendo nada mais que uma obra depreciada e sem o menor vigor. Lamentável.

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