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Para algumas pessoas, os filmes clássicos são chatos. Bem, elas certamente não diriam isso sobre Oito e Meio de Fellini. É uma obra quase autobiográfica do período de escassez criativa do mestre italiano (sim, ele teve). O personagem Guido Anselmi (Marcello Mastroianni) é um famoso diretor de cinema que vive uma fase de bloqueio enquanto trabalha num filme de ficção científica. Oito e Meio mostra a complexa e difícil tarefa da realização de uma obra da sétima arte, desde seu princípio, lotada de sonhos e possíveis frustrações. A pressão que paira sobre o diretor de todos os lados, dos produtores, da mídia com suas perguntas às vezes inoportunas e inclusive dos atores que tentam a todo custo conseguir seu espaço frente às câmeras. Ainda se não bastasse para total esgotamento, Guido tem problemas pessoais, seus relacionamentos parecem confusos. Certas cenas enfatizam isso com devaneios e flashbacks, normalmente surreais.

A elite ou o que parece ser ela, está bastante presente, destacando-se nas festas — onde se repara a troca de olhares de Anselmi com as damas — com diálogos rápidos, afiados, de temáticas diversas, dancinhas cômicas e roupas com penduricalhos de pelúcia.
Além da sensação de o longa ter sido feito sem roteiro algum (ou então totalmente minucioso), ele traz uma bela fotografia, em cenas de iluminação composta por velas. Também é importante ressaltar o design de produção, que trouxe dos mais variados cenários para as gravações, de praia a campos, de mansão para “locais de ficção”, sem esquecer-se da sauna.
O trabalho brilhante de Federico Fellini e a trilha sonora de Nino Rota (O Poderoso Chefão) transformaram a película em algo erudito. Erudito mas não chato.

Por Anderson Fernandes.

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