Perdido nas Prateleiras #4 : Procurando o Sugar Man

Pimenteiros de plantão! Hoje faremos uma nova descoberta nessa terra desconhecida que vai além do universo dos grandes lançamentos. Se esta é sua primeira visita, este é o Perdido nas Prateleiras, aqui falamos sobre coisas valiosas que passam despercebidas no nosso radar. Uma vez por semana (sexta-feira) falaremos sobre alguma obra não tão comentada quanto as mais festejadas, coisas que estão por aí e talvez você não conheça, e se você conhecer, compartilhe essas raridades que merecem a nossa atenção e a de todos.

“Soube de uma história em que Rodriguez fez um show e nesse mesmo show ele se matou no palco, é até compreensível, pois ele era realmente muito retraído, um pouco estranho, mas genial, mesmo sendo um boato, se for verdade, é triste o mundo nunca ter conhecido um dos seus maiores gênios”. Esse é o relato de um dos produtores de Sixto Rodriguez, antes do premiado Documentário ‘Procurando Sugar Man’, vencedor do Oscar em 2013.

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É na companhia de sua voz, citando coisas belas em tons de tristeza, e com o ecoar das cordas de seu violão, que hoje vamos instigar os senhores e senhoritas a conhecer o documentário sobre um dos mais desconhecido gênios musicais da história: Rodriguez, o Sugar Man. Em 1970 um rapaz quieto falava em suas letras sobre o amor, a solidão e histórias de sua vida. O mundo nunca o conheceu, o mercado realmente era competitivo em uma época de David Bowie, Bee Gees, Led Zeppelin, Black Sabbath, Queen, entre outros. Rodriguez tentava buscar seu espaço no meio musical, foi descoberto em um bar, tocando para quase ninguém, mas não era preciso público para que um produtor musical enxergasse um raro talento.
Por conta de tantos gênios musicais na mesma época, Rodriguez sequer conseguiu vender 100 cópias do seu primeiro álbum. Um ano após o fracasso do primeiro álbum, Sixto Rodriguez (nome artístico da época) gravou o segundo álbum que vendeu menos de 10 cópias. O seu problema com drogas e o fato de seu rosto não ser algo “comercial”, custou a demissão de Sixto Rodriguez da Montown, e até hoje ninguém consegue explicar a causa das baixíssimas vendas dos dois álbuns do artista.

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“As pessoas diziam na época que o Bob Dylan era incomparável, é por que elas não conheciam o Rodriguez, ele era muito melhor. Já produzi os melhores, e Rodriguez sem dúvida está no meu Top 3”. Com peso nas palavras e com lágrimas cristalizadas nos olhos, o dono da Motown Records coloca Rodriguez alo lado de artistas como Marvin Gaye, Diana Ross, Steve Wonder, Al Green e Michael Jackson.
A produção só foi feita após algo inacreditável acontecer. Durante os anos 90, o sumiço ou suicídio de Rodriguez ainda era um pergunta sem resposta. Até que um repórter sul-africano bate na porta da Motown pedindo endereço do artista, o que soou estranho, primeiro por que ninguém sequer sabia sobre quem se tratava, e segundo por não ter nenhum documento do artista. Só mais tarde o repórter soube mais sobre a história. Após investigar, ele encontrou o produtor de Rodriguez na época. O mais interessante é que quem estava mais assustado com a situação era o repórter abismado por ninguém saber sobre a existência de Rodriguez, declarando que Rodriguez era um artista mais conhecido que Elvis na Africa do Sul. E é aí meus amigos que este documentário se torna a história mais bonita que eu já vi nos últimos tempos.

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Eu não sabia nada sobre a história e cai de paraquedas. Foi a melhor coisa que já me ocorreu. Não procure nada sobre ele, deixe a magia da música te surpreender. Depois desta experiência, fica fácil entender porque Rodriguez é considerado um dos maiores artistas das últimas décadas. A emoção ao final do documentário é algo que vai te deixar impactado e fará você correr para ouvir obras-primas como: “Sugar Man”, “Cause”, “Can’t Get Away”, “I Think If You” e “Jane S. Piddy”. É com uma emoção não antes presenciada em algum artigo ou análise que termino essa dica valiosa ao som da mais genial de todas as suas músicas: “Crucify Your Mind”. Rodriguez era um cara que sonhava ser escutado, e que por muito tempo não fora escutado por ninguém. É uma história sobre sonho, dom, humanidade. Dê uma chance a Rodriguez e venha me agradecer depois.
Até a semana que vem e fique com um trecho do som que define Rodriguez completamente: “Soon you know I’ll leave you ,and I’ll never look behind, cos I was born for the purpose, that crucifies your mind”.

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