“Pokémon: Detetive Pikachu” é super efetivo na adaptação do jogo para os cinemas

Em 1995, Satoshi Tariji criou, inspirado no seu hobby de quando era criança em colecionar insetos, um jogo para Game Boy com criaturas que ele chamou de Pokémon (abreviação de Pocket Monsters), que logo se tornou um imenso sucesso, sucesso esse que não se manteve apenas nos jogos, mas também nas series animadas e tantos outros produtos criados pela Pokémon Company, o mundo se apaixonou pelas, inicialmente 151, criaturas de tudo quanto é tamanho e cor, que podiam ser capturadas, treinadas e colocadas em batalha, desde então outras centenas de Pokémon foram criados e hoje existem 809 deles (da última vez que chequei).

“Pokémon: Detetive Pikachu” é o primeiro live action dessa franquia e é baseado no jogo homônimo para Nintendo 3DS, no qual após o desaparecimento de seu pai Harry, Tim Goodman (Justice Smith) é chamado a Ryme City para ficar a par do acidente sofrido pelo seu pai. Ao chegar na cidade ele esbarra em um Pikachu (Ryan Reynolds) e para sua surpresa ele consegue entender o que ele fala, o garoto logo forma uma dupla com o Pikachu, que era o parceiro Pokémon de seu pai, com o objetivo de desvendar o mistério que cerca o desaparecimento de Harry. O jogo, no estilo point and click, se afasta muito do que já conhecemos do universo Pokémon, nele todos os Pokémon andam livres pela cidade realizando tarefas rotineiras e em nenhum momento o objetivo é captura-los e treina-los para batalha, cada morador de Ryme City tem seu próprio parceiro Pokémon que o acompanha como um pet.

O filme se aproxima, em grande parte, da história do jogo, inserindo alguns dos personagens e locais pelos quais a dupla de detetives passa, mas diferente do jogo, que vai se tornando mais complexo conforme cada capitulo é resolvido sem correr com a história, no longa, o roteiro se perde na tentativa de inserir muitas reviravoltas que não se conectam tão eficientemente, prejudicando o andamento do filme que corre para seu desdobramento final deixando a sensação de que a trama poderia ter sido melhor desenvolvida, e todo aquele universo poderia ter sido melhor explorado, afinal, esperamos muitos anos para ver como seria o universo Pokémon na “vida real”.

A dupla formada entre o Tim Goodman de Justice Smith e o Pikachu de Ryan Reynolds funciona muito bem, de fato Tim só se torna interessante a partir do momento em que encontra Pikachu, que diferente de Tim que é mais distante e ríspido, é sarcástico sempre soltando piadas sobre as situações, mas na medida certa, o que resulta em um bom contraste entre as duas personalidades dos protagonistas, os momentos nos quais os dois trabalham juntos para resolver o caso é quando o filme é bem sucedido no quesito ação e mistério. Outro ponto forte é, claro, o CGI, a interação dos atores com ele é extremamente convincente, Ryme City é uma cidade movimentada com muito acontecendo ao redor e diversos Pokémon em segundo plano, que oferecem ótimos momentos, como o Jigglypuff cantando no bar, e que realmente parecem estar ali, em nenhum momento eles destoam do resto do ambiente, Justice Smith faz um ótimo trabalho em nos fazer acreditar que ele não estava sozinho atuando com um fundo verde.

“Pokémon: Detetive Pikachu” apesar dos tropeços no roteiro, é divertido e encantador, um presente para os fãs com suas milhares de referências, de longe uma das melhores adaptações de videogames para o cinema até agora, o Pikachu é de fato muito muito fofo e com certeza muitos brinquedos dele usando seu chapeuzinho de Sherlock Holmes serão vendidos (eu mesma quero o meu).

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