“RON BUGADO” TEM HISTÓRIA DIVERTIDA E QUE ALERTA SOBRE A EXPOSIÇÃO INFANTIL NAS REDES SOCIAIS

A nova animação “Ron Bugado”, dirigido por Sarah Smith e Jean-Philippe Vine, marca o primeiro lançamento cinematográfico do estúdio de animação Locksmith Animation e 20th Century Studio, que apostam em uma comédia familiar, mas que trabalha temas pertinentes em relação às crianças e as telas.

O filme conta a história de Barney (Jack Dylan Grazer), um aluno desajeitado do ensino fundamental, e Ron (Zach Galifianakis), seu novo dispositivo digital que anda, fala e deveria ser o seu “melhor amigo fora da caixa”. Os problemas de funcionamento de Ron em plena era das redes sociais os levam a uma jornada cheia de ação em que o menino e robô aprendem a aceitar a bagunça da amizade verdadeira.

“Ron Bugado” apresenta um tipo de humor muito certeiro, que consegue divertir o público infantil com as trapalhadas do robozinho, mas também agrada o público adulto com piadas sarcásticas e ótimas sacadas, principalmente, vindas da Donka (Olivia Colman), a avó de Barney, que é uma ex-militante russa e que vive fazendo gambiarras, comidas típicas, além de falar coisas absurdas, tudo com aquele estilo “babushka”, usando coque no cabelo e com o sotaque carregado, o que deixa tudo mais cômico.

Mas o filme vai muito além da diversão, pois tem como foco discutir sobre a exposição exagerada de crianças nas redes sociais. No começo é apresentado o novo dispositivo digital chamado “B-Bot”, invenção da empresa Bubbles, que é direcionado para as crianças interagirem na internet e encontrarem amigos que combinam com seus gostos e hobbys, a diferença é que esses robôs prometem manter o controle e a segurança das crianças no mundo virtual. Só que esse discurso vai sendo distorcido quando a empresa precisa capturar o personagem Ron, que é visto como um perigo por ter problemas de funcionamento. Neste momento, o vilão da história, Marc, um dos criadores do B-Bot, acha uma brecha para começar a espionar os mais de 100 milhões de usuários, o que deixa a narrativa muito mais realista sobre o grande número de informações pessoais que empresas possuem das pessoas, e principalmente, das crianças.

Além disso, a animação aborda sobre a obsessão por engajamento nas redes sociais e da cultura do cancelamento, focando nas causas disso na saúde mental das pessoas, que são expulsas de uma posição de influência e que vivem com sua imagem sendo vista como piada na internet. Trabalhando essa temática, o longa ganha muito mais valor no seu enredo, que faz toda essa discussão direta, mas ainda utilizando o lúdico para não esquecer de seu direcionamento ao público infantil.

O filme só peca em seu ato final, onde a fuga de Ron e Barney fica cansativa e interminável, criando algo extremamente dramático. A conclusão da história, carrega uma lição de moral coerente sobre o valor da amizade na vida real entre as crianças. Mas que para isso, faz o sacrifício desnecessário da separação dos protagonistas, algo que já vem na fórmula das animações infantis da Disney.

“Ron Bugado”, mesmo com alguns problemas de roteiro, é uma grata surpresa. Um filme que diverte do começo ao fim todos os públicos com seus personagens carismáticos e apaixonantes. E tudo isso é enriquecido com a abordagem de temáticas tão atuais e necessárias que precisam estar presentes nas produções infanto-juvenil da nossa geração.

O filme chega aos cinemas brasileiros no dia 21 de outubro nos cinemas do Brasil.

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