SINOPSE

“S.O.S. Mulheres ao Mar” (2014) obteve um sucesso de bilheteria quase inesperado na competitiva ceara de comédias brasileiras, desbancando outros como “Meu Passado Me Condena 2” e “Vestido Para Casar”, arrecadando mais de 20 milhões de reais. Ficou no terceiro lugar de renda nas bilheterias dos filmes nacionais, atrás somente de “O Candidato Honesto” e “Os Homens são de Marte… E é para lá que eu vou”. Provavelmente seu êxito provém de seu apelo com o público feminino e seu estilo meio “Sex and The City”, que explora de forma descontraída a jovialidade e sexualidade das mulheres. Aproveitando o sucesso, a diretora Cris D’Amato retornou em 2015 com dois outros filmes de humor. “Linda de Morrer”, estrelado por Glória Pires e sua filha Antonia Morais, e “S.O.S. Mulheres ao Mar 2”.A continuação do longa-metragem das mulheres que saem em viagem num cruzeiro para resolver os conflitos amorosos, chega neste ano com uma proposta que não destoa do primeiro. Por isso não é arriscado afirmar que quem gostou do anterior vai apreciar o segundo, mas se o original não era de seu gosto, este não vai trazer nada novo que mude sua opinião. O motivo pelo qual elas viajam é muito parecido e as piadas também exploram os mesmos estereótipos, apesar de uma ou outra serem mais bem escritas. Tecnicamente a produção teve alguns avanços, que advêm da experiência e do sucesso financeiro obtido com o outro.

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A trilha sonora está ainda mais harmônica com a atmosfera cômica, utilizando ritmos familiares da música “pop”. As filmagens panorâmicas sobre as cidades do Rio de Janeiro, Orlando e Miami são um convite ao turismo. Destaque para uma cena em que a câmera fica posicionada no chão e os personagens são duplicados no reflexo do piso, construção criativa, sensível e incomum em produções do gênero. Vários esquetes de comédia funcionam melhor que no primeiro e a introdução de um estilo “road movie”, atribuiu qualidade aos cenários em que se passam.

As atuações são condizentes com a forma que já nos acostumamos a ver nas novelas e outras produções da Rede Globo, o que torna o filme familiar ao seu público-alvo e que pode ajudar a repetir o sucesso do antecessor. A personagem Adriana (Giovanna Antonelli) representa a neura da mulher insegura, apesar de Antonelli ser a menos carismática. Luiza (Fabíula Nascimento) é a que não tem medo de explorar a sexualidade, mas que anseia por mais envolvimento emocional. Dialinda (Thalita Carauta), por ser interpretada por uma comediante é a que rende mais risadas, com sua trama que envolve patrões traficantes e a polícia americana. André (Reynaldo Gianecchini) continua secundário, apenas como representação do Marido. Mas, mesmo se tratando de uma comédia, os arcos dramáticos podiam ser mais desenvolvidos para que o público se importe. Além de que o roteiro erra em dar mais tempo de tela para Giovana, do que para as outras, o que podia ter sido resolvido com uns vinte minutos a mais de duração.

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O maior problema do filme, que provavelmente vai desagradar espectadores mais exigentes é o fato de ele funcionar quase como uma propaganda extensa. Muitas cenas são construídas de forma a valorizar os patrocinadores do longa. O foco em uma tela de LCD que mostra a marca de um canal de TV, logo atrás de um personagem que se posiciona, de forma que ela apareça. Um enquadramento que é pensado para mostrar explicitamente a placa de uma agência de viagens. Cenas que parecem existir exclusivamente para vender uma viagem de cruzeiro ou mesmo para um parque de diversões específico. Algumas até se mesclam ao filme de forma orgânica, mas o excesso delas atribui um tom muito artificial, atrapalhando na narrativa. Provavelmente o público ao qual esse audiovisual se destina não vai se importar, mas esse tipo de recurso sempre deve ser utilizado com parcimônia.

Continuações são uma tendência rentável no mercado cinematográfico, tanto brasileiro, quanto norte americano. As franquias de filmes de super-heróis, ação, animação e terror estão ai para provar isso. No Brasil, o foco desse comportamento se voltou totalmente para as comédias, pois é o gênero que mais faz sucesso com a audiência em geral. Prova disso é que nos últimos anos tivemos várias, como “Se Eu Fosse Você” 2, “A Casa da Mãe Joana” 2, “Muita Calma Nessa Hora” 2, “Até Que a Sorte Nos Separe” 2, “De Pernas Para o Ar” 2, “Meu Passado Me Condena” 2, entre outros. Porém, no circuito nacional, nenhuma delas ainda se transformou em uma franquia mais longínqua.

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D’Amato já declarou que pretende fazer um terceiro filme, que provavelmente vai se passar em países do oriente. Mencionou ainda que se depender dela, vai fazer várias continuações em diferentes partes do mundo. Provavelmente teremos aí uma abertura para franquias que vão se estender além de dois filmes. Cris é confiante no sucesso de sua continuação, tanto que fez o lançamento em Orlando e pretende distribui-lo no mercado americano. Talvez assim, consiga dar uma vida longa a sua marca S.O.S. Mulheres ao Mar, continuando no cinema e não em série de TV, como outras.

Para quem não conhecia o trabalho da diretora, ela foi atriz sem trabalhos de muita expressão que lhe dessem fama, mas teve uma carreira de mais de 12 anos como assistente de direção, em uma parceria de sucesso com Daniel Filho. Seu primeiro projeto solo na direção de um longa-metragem foi com “Sem Controle” (2007), lhe rendendo relativo sucesso, chegando a receber o Prêmio de “Melhor Direção”, bem como o de “Melhor Atriz” para Milena Toscano no LABRFF 2008 (Festival de Cinema Brasileiro de Los Angeles). Além de ter sido exibido na mostra Première Brasil, no Festival do Rio 2007. Após episódios dos seriados da Rede Globo, “As Cariocas” (2010) e “Pé Na Cova” (2013) dirigiu também, o filme “Confissões de Adolescente” (2013) em divisão com o antigo parceiro Daniel Filho, além de ter produzido outras comédias dele, “Sorria, Você Está Sendo Filmado – O Filme” (2014).

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Apesar de nem todas as suas obras serem artisticamente desafiantes, a parceria entre Cris D’Amato e Daniel Filho, está conseguindo manter uma leva na indústria cinematográfica, financeiramente sustentável. Isso pode ser a certeza de uma continuidade dessa lógica de mercado, que pode render frutos em franquias de outros gêneros, já que a diretora expressou sua vontade de produzir diferentes tipos narrativos. Isso provavelmente vai depender do sucesso de bilheteria das próximas continuações.

Trailer do Filme:

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