SINOPSE

Logo de início o diretor sueco Ron Andersson deixa bem claro que o filme é a terceira e ultima parte de sua trilogia sobre “um ser humano”. Os dois filmes anteriores ‘Canções do Segundo Andar’ e ‘Vocês, os Vivos’ também tratam da observação da vida de maneira sarcástica, e com ‘Um Pombo Pousou Num Galho Refletindo Sobre a Existência’ não podia ser diferente. Filmado com planos abertos e 39 planos sem qualquer continuidade, isso é que torna o espectador o ‘pombo’ do título. Ron dispensou filmar em locações, rodando em cenários construídos próprios para o longa. Para quem não está acostumado a ver filmes que refletem sobre o comportamento humano e seus estados de espírito, possivelmente não irá se adaptar a esta belíssima obra. Embora quase tudo nele seja fora do comum e mesmo tendo personagens em algumas situações estranhas, é cínico e ao mesmo tempo imprevisível e sedutor.

Vencedor do Leão de Ouro em 2014 no Festival de Veneza na categoria principal, foi apelidado pelos jornalistas de “o pombo sueco”. Andersson assumidamente se inspirou nas obras de dois pintores, o alemão Otto Dix e o holandês Pieter Bruegel (o título do filme é infundido no quadro pintado a óleo ‘Caçadores na Neve’ de Bruegel).

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O filme começa com um preâmbulo apresentando “três encontros com a morte” em ocasiões e tipos diferentes. Em seguida, segue-se com planos longos, com a câmera fixa. A câmera não se move em momento algum, deixando os atores à vontade. Muitos dos personagens mostrados durante todo o longa-metragem fazem parte do cotidiano de dois irmãos, Sam e Jon, vendedores ambulantes melancólicos. Eles vendem – sem êxito algum – artigos para diversão: máscaras do “tio banguela”, longos dentes de vampiros e sacos de risadas (para um mundo aparentemente tristonho, o espectador pode imaginar que as pessoas que são apresentas durante o filme precisem mesmo de um pouco de alegria). Mas na verdade, as situações são hilárias enquanto seus habitantes não aparentam ser felizes.

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Não bastasse o fracasso como vendedores, Sam e Jon têm que aturar as constantes advertências de um porteiro que zela pela paz do prédio onde moram. Uma frase bastante usada em algumas situações é “fico feliz por você estar bem”. Quando ditas, aparentam estar sendo ditas apenas por dizer (quando faladas, todos os seus momentos são importunos).

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Seguem-se cenas bem elaboradas (como por exemplo, a estonteante cena em que o diretor consegue arremedar – com muito bom humor – a passagem do rei sueco Carlos 2º bem ao estilo da época napoleônica em um bar nos dias atuais), outras melindrantes (onde escravos são levados a uma espécie de incinerador que, enquanto queimados vivos, um grupo de tiranos admira tal o “espetáculo”) e deixa certa reflexão: é possível mesmo que isso aconteça? Pelo sim ou pelo não, os fatos incomuns nele mostrados são também engraçados.

De fato, ‘Um Pombo Pousou Num Galho Refletindo Sobre a Existência’ é uma interpretação fantástica de como se observa o jeito de procedência da vida humana e centrado em figuras que mesmo aparentemente sorumbáticas, deve-se admitir que todos são garbos. O que pode ser visto um filme sem pé nem cabeça ou que não se compreende nada, não é mais que uma mensagem que o diretor difunde de maneira grandiosa à altura de como realmente a vida é.

 

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