Aquarius2016

Há exatamente um ano atrás, Ana Muylaert nos brindou com um belíssimo filme:

Que Horas Ela Volta?

onde Val, sua protagonista, era uma mulher pernambucana guerreira e batalhadora, vivida por Regina Casé. Este ano o diretor Kleber Mendonça Filho também nos brindou com uma personagem guerreira (após ter vencido um câncer de mama), batalhadora (que se vê obrigada a lutar contra uma construtora que planeja demolir o prédio onde mora) e arretada (por não se deixar intimidar e bater de frente com seus fortuitos contendedores). Esta é Clara, interpretada por Sônia Braga que compõe a figura de uma mulher descomunal e que exprime um admirável caráter forte.

Clara é uma viúva aposentada que vive sozinha em um edifício. Ela é a única moradora do prédio. Ela tem uma vida na qual se sente realizada: é cercada de vinis e livros que trazem boas recordações. Gosta de tomar banho de mar e curtir com suas amigas… Sua rotina e sossego são afetados quando recebe uma proposta de uma construtora que quer demolir o prédio e construir outro. Os interessados pela compra do imóvel – dentre eles Diego, um herdeiro da construtora (arrogante e dissimulado) que quer a todo custo tirá-la de lá. Mesmo com os conselhos contrários dos seus três filhos, Clara decide permanecer e preservar a memória do local onde mora.

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Crédito: Divulgação

Kleber Mendonça Filho conseguiu mais uma vez realizar um filme eficiente que, assim como em ‘O Som ao Redor’, se torna uma característica única do diretor (usando os mesmos elementos, equipe de produção e bairro), que se inicia com uma bela fotografia em preto e branco e com uma trama bem construída que mescla autenticidade com perceptibilidade que faz um bom proveito da beleza de um Recife tanto atual, quanto da mesma cidade na década de 1980.

‘Aquarius’ foi um dos filmes que abriu o Festival de Cannes este ano e concorreu à Palma de Ouro sendo laureado como melhor filme em diversos prêmios importantes em outros festivais, como o Festival de Sydney, Festival Amsterdã e Festival Transatlantyk, além do prêmio de júri e melhor atriz para Sônia Braga (que está perfeita num papel linear, empoderador para qualquer mulher por seu vigor e elegância).

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Crédito: Divulgação

Repleto de boas referências musicais como ‘Hoje’ de Taiguara, ‘Jeito Estúpido de Amar’ na voz de Maria Betânia, ‘Toda Menina Baiana’ de Gilberto Gil entre outros, ‘Aquarius’ capta expressões de boas lembranças e resume sua homenagem nostálgica. Este é apenas um dos ornamentos que fazem dele um filme simples sobre pessoas comuns, como também engrandecedor e humano o suficiente para que qualquer espectador se identifique com ele. Aquarius veio também para entrar na lista dos filmes pernambucanos que têm conquistado plateias e críticas de todo o mundo. Viva a “Era de Aquarius”…




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