Norm (Rob Schneider) é um urso polar que vive no Ártico com outros animais como focas, lemmings, baleias e alces. Nesse contexto, os animais aprenderam a conviver com a presença dos seres humanos, que vão visitar a região no período de férias, tirando fotos e se divertindo com a paisagem incomum daquele ambiente. As coisas mudam quando Norm e a ave Sócrates (Bill Nighy) descobrem que uma companhia imobiliária está com o projeto de vender residências prontas para que as pessoas possam viver no Ártico, ameaçando e incomodando o habitat natural daquelas criaturas. Então ele decide lutar contra o tirano Sr. Verdelho (Keon Jeong), indo até Nova Iorque para proteger sua terra natal.

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Acreditem em mim quando eu digo que precisei melhorar essa sinopse, para que o objetivo de Norm fizesse mais sentido dentro do filme. Esqueça Pixar, Disney, Dreamworks ou até a StudioCanal, as melhores produtoras de animação atualmente. ‘Norm e os Invencíveis’ até tem o nome de peso da Lionsgate entre as produtoras, mas a diferença de qualidade entre as produções é chocante.  A começar pela história, onde Norm começa sendo apresentado como um urso polar filho do Rei do Ártico, que começa com fome caçando uma foca, mas não consegue devorá-la porque sente pena dela. A sequência da perseguição lembra muito uma cena de ‘A Era do Gelo’, quando Sid faz um slalon para fugir de seu perseguidor. Aliás, todo o filme consiste em referenciar animações de vários tipos, mas não como uma forma de se inspirar em algo que já deu certo, e sim descaradamente copiando essas obras.

Poderíamos dizer que o tema do filme é uma mensagem de conscientização ambiental, para que o ser humano pare de invadir habitats de animais selvagens, colocando em risco aquelas espécies. Mas convém dizer que os quatro (!) roteiristas desse filme foram incapazes de trabalhar em uma solução plausível para o problema. Pelo contrário: o filme é muito difícil de chegar até o final. A não ser que você tenha quatro anos de idade ou desligue o cérebro e apenas aprecie a vergonha alheia. A quantidade de situações absurdas e sem pé nem cabeça dá a entender que o filme não foi feito para crianças, mas sim por crianças.

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Dentre os personagens clichês do filme, temos os alces brincalhões de ‘Irmão Urso’, os três lemmings (que são os invencíveis do título do filme), um misto de pinguins de ‘Madagascar’ com ‘Minions’, e ainda os tatuzinhos de ‘Vida de Inseto’. O Norm, inclusive, faz uma dancinha como a do pinguim de ‘Happy Feet’. Apesar de se incomodarem com os seres humanos, os animais no Ártico tentam fazer um show de exibição, assim como o Zoológico de Madagascar – além do vilão, que lembra muito o maldoso Randall de ‘Monstros S.A.’. A continuidade não tem noção alguma: em um momento, estamos no “conflito” interno de Norm e, de repente, mudamos de direção e estamos preocupados com a filha da chefe de marketing da empresa do senhor Verdelho, por exemplo. A garotinha, que é um prodígio por sinal, é a única que tem frases de um adulto no filme, cujas falas fazem sentido. Seria o diretor novato Trevor Wall um gênio que subverteu a obra, fazendo com que as crianças saibam mais do que nós adultos? Eu acho pouquíssimo provável.

Tecnicamente, ‘Norm e os Invencíveis’ também é muito ruim. A qualidade gráfica da animação é bastante amadora, a movimentação dos personagens não é orgânica e a aparência, tanto dos cenários e ambientes quanto dos personagens, é pontuda e esquisita. Ou seja: não houve um trabalho realmente dedicado a entregar um filme sequer decente para as pessoas. Há, também, o desperdício de uma boa música, que é usada como tema para o filme: ‘Shut Up and Dance’, da banda Walk the Moon, utilizada no contexto como uma mensagem de que, quando tudo estiver perdido, comece a dançar que o resto se resolve sozinho.

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‘Norm e os Invencíveis’ já desponta como o pior filme do ano até aqui. Um desperdício de um tema relevante, que é a questão ambiental atual na qual vivemos, através de uma trama completamente sem sentido, decisões absurdas e um humor bem ralé (com direito a piadas de peido, é claro!). Enfim, de modo geral, um resultado grotesco. É claro que crianças (ainda) não têm esse senso crítico e podem achar engraçadinhas as trapalhadas do ursinho polar, os lemmings urinando por cinco minutos dentro de um aquário e coisas deste tipo. Mas na condição de pai/mãe, eu não levaria meus filhos para ver algo dessa qualidade no cinema. Sem emoção, sem humor e sem noção, a verdade é que ‘Norm e os Invencíveis’ não justifica sua existência.





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