O DONO DO JOGO - Pawn Sacrifice (2015)

Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos tinham a Europa em suas mãos e levantavam-se economicamente como uma nação hegemônica em poderio bélico, tendo de acordo com o famoso “Plano Marshal” de reconstrução dos países assolados com a batalha, uma garantia de aliados a seus interesses ideológicos. Qual era o único inimigo a se enfrentar? A gigante socialista URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Extremo oposto do liberalismo norte-americano, e com um arsenal nuclear supostamente assustador.

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Está aí o palco montado do tabuleiro da Guerra Fria, um período de confronto de ideias e espionagens mútuas. Este é o pano de fundo para a cinebiografia de Bobby Fischer (Tobey Maguire), um prodígio enxadrista filho de uma judia-suíça e um alemão. Viveu em Nova-Iorque sobre o fantasma do “macarthismo”, pois sua família flertava com ideias socialistas. Sua genialidade se mostra aos 6 anos e estoura na maioridade enfrentando o grande Boris Spassky (Liev Schreiber), um símbolo da invencível tradição dos russos no xadrez.

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Este é o recorte de tempo em que o filme, com estreia para o dia 28, se preocupa. Edward Zwick, notório diretor politizado, perde aqui uma oportunidade de fazer uma grande alegoria, como o fez com ‘O Último Samurai’ (2003), onde a reconstrução do Império Meiji no século XIX fez com que o Japão feudal se tornasse ocidentalizado a custo de vidas em guerras civis e rebeliões da antiga guarda samurai. Mesmo sendo um grande épico, não deixou de ter sua marca crítica.

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Talvez o roteiro de John Logan tenha sido o principal responsável pelo êxito, mas fato é que aqui em ‘O Dono do Jogo’ (Pawn Sacrifice), o primeiro ato do filme explora bem os traumas de Bobby pela falta do pai e sua fuga ao xadrez como forma de manter sua sanidade em constante desequilíbrio, mas ao avançar no tempo, a atuação muito comprometida de Tobey Maguire não é direcionada. Aparentemente ele seria uma metáfora da paranoia americana que tomaria a população com medo dos seus próprios concidadãos esquerdistas, mas isto não fica claro.

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O tempo todo vemos Fischer se comportar como um Howard Hughes mimado e cheio de idiossincrasias (manias). O foco do seu agente, Paul Marshal (Michael Stuhlbarg) é torná-lo uma febre nacional, e símbolo de superioridade diante do bicho-papão da esquerda soviética. O judeu pobre e talentoso contra o império do mal. Mesmo isto não é bem conduzido diante das esquisitices do paranoico Fischer, o que faz do filme uma experiência dispersa em sua intenção. Bobby Fischer realmente foi um homem problemático, mas o diretor perdeu uma boa chance de dizer algo além do louvor ao talento.




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